Durante a seca, produtores rurais enfrentam dificuldades para alimentar o rebanho, devido ao baixo desempenho da pastagem. A ausência de chuvas limita a oferta de capins, interfere na qualidade da dieta bovina e reduz o desempenho produtivo do rebanho. Fornecer alimentação suplementar é uma estratégia eficiente para manter o padrão nutricional dos animais e evitar prejuízos na atividade pecuária.
Já na época das chuvas, as pastagens bem manejadas são capazes de proporcionar boas condições de nutrição a rebanhos condicionados a uma dieta a pasto, requerendo apenas reposição mineral. Ao contrário do período seco, onde os níveis de proteína, energia e vitaminas ficam reduzidos na pastagem, implicando a necessidade de realizar reposição nutricional por meio de estratégias alimentares capazes de suprir tanto deficiências qualitativas como quantitativas de nutrientes na forragem.
A seca que acaba de terminar, afetou a capacidade de crescimento e o vigor do capim, torna a pastagem mais fibrosa e a forragem menos nutritiva. Durante a transição para as águas, uma dieta restrita ao pasto geralmente resulta em perda de peso dos animais, queda na produtividade e na taxa de fertilidade do rebanho, além de aumentar a predisposição a doenças entre outros fatores que interferem na produção. As práticas suplementares permitem manter o gado bem alimentado, saudável e produtivo, independente da duração e intensidade da estiagem.
POTENCIALIZANDO O REBANHO LEITEIRO
Para pequenos e médios rebanhos leiteiros entre as principais estratégias de suplementação alimentar indicadas pelas pesquisas para melhorar a alimentação dos animais no período de transição, três se destacam como alternativas tecnológicas eficientes, de baixo custo e fácil adoção. As capineiras, pequenas áreas cultivadas com gramíneas de elevado potencial de produção de forragem, mantidas próximas ao curral, são a primeira opção de alimento suplementar devido à sua praticidade e importância estratégica na manutenção da qualidade alimentar do rebanho.
Cortado e triturado, o capim é fornecido como alimento verde no cocho e contribui para uma dieta rica em proteína e outros nutrientes. É importante optar por espécies forrageiras adaptadas às condições de clima e solo e realizar o plantio e o manejo correto das plantas. Esses cuidados ajudam a aproveitar ao máximo o potencial da forragem, em termos de quantidade e qualidade de nutrientes.
Uma segunda opção de suplementação na produção de leite é a mistura de cana-de-açúcar com ureia, considerada importante fonte de energia e proteína para o gado. Geralmente no auge da transição, quando as forragens ainda estão com a qualidade do capim reduzida e a cana apresenta maior teor de açúcar, o produtor rural lança mão dessa alternativa. Embora apresente teor energético elevado, a cana possui apenas 2% de proteína, muito aquém da necessidade mínima diária da dieta bovina, que é de 7%. A ureia é a fonte de proteína mais viável no mercado.
O uso dessa mistura na alimentação bovina é uma alternativa eficiente na suplementação do rebanho, mas exige cuidados com a dosagem recomendada e com a adaptação dos animais para evitar a intoxicação.
AUMENTANDO OS GANHOS DO REBANHO DE CORTE
Os pecuaristas que atuam na produção de carne podem fazer uso de tecnologias como a silagem e os sais proteinados como complemento à dieta bovina. A primeira alternativa, mais recomendada para rebanhos de elevado padrão genético, consiste em triturar a planta inteira, com as espigas para armazenagem de forragem para uso nos meses de estiagem e também na transição. Uma das culturas mais utilizadas para produção de silagem é o milho, devido à facilidade de cultivo, alto rendimento e qualidade da silagem produzida. Em algumas regiões, outras culturas, como sorgo, também podem ser viáveis.
Como o processo de produção de silagem envolve mecanização da terra para plantio da lavoura e muita mão-de-obra, da colheita ao fechamento do silo, o custo dessa estratégia de suplementação alimentar é elevado em relação a outras alternativas, mas o retorno compensa o investimento. Quando bem feita, o seu valor nutritivo é bem superior ao da forragem verde, garantindo alimento de qualidade para o gado.
Já os sais proteinados, indicados tanto para manutenção quanto para ganhos elevados de peso, a depender do nível de fornecimento e formulação, de modo geral, são enriquecidos com fontes de energia como milho e sorgo e de proteína, como os farelos de soja, algodão, trigo, entre outros e ureia. Esse suplemento concentrado possui custo elevado, mas por ser fornecido em quantidades estratégicas e apresentar grande eficiência no ganho de peso dos animais compensa o investimento.
CONCLUSÃO
Independentemente do tipo de atividade, a adoção de práticas de alimentação suplementar requer planejamento. É importante que o produtor planeje esse aporte alimentar com base na quantidade de animais a serem alimentados e considerando aspectos climáticos, características do solo, condições das pastagens e a necessidade nutricional do rebanho. Esses cuidados são essenciais para a adoção de métodos eficientes e viáveis economicamente.